Quem nunca escutou esse tipo de afirmação sobre os sapos, coisa como “menino
não mexe no sapo que ele vai já jogar veneno em ti”. Em parte, isso é verdade,
o sapo realmente libera uma substância de seu corpo, mas vamos já compreender
como essa característica funciona.
Os sapos são geralmente espécies da família dos bufonídeos (Família
Bufonidae). Visualmente, podemos distinguir o sapo dos outros anuros analisando
sua pele. A pele desses animais é mais seca e rugosa, o que os difere das
pererecas e rãs, as quais apresentam pele mais lisa e úmida.
Além disso, os sapos, em geral, são mais volumosos e possuem patas curtas
que impedem saltos a grandes distâncias. Eles ainda apresentam glândulas
paratoides, onde é produzido veneno. Esses animais são encontrados em áreas
mais secas, procurando ambientes aquáticos apenas no momento da reprodução. O
sapo mais comum no Brasil é o famoso sapo-cururu.
Depois dessa primeira análise sobre os sapos, vamos as correções
biológicas né. Para começar, não é leite que sai do sapo pois os mesmos não são
vacas né, o motivos para este dito popular é porque muitos sapos possuem na
parte lateral da cabeça duas glândulas chamadas parótidas (ou parotóides) já mencionadas
mais acima, que produzem uma secreção de aspecto leitoso. Essa substância serve
para que os sapos se defendam dos seus predadores.
Essa característica não é preocupante por que jorrar essa secreção em
você, pois eles por si próprios não são capazes de liberar a substância e
utilizá-la como arma de ataque. Ela só é expelida através dos poros se a
glândula for pressionada, como no caso da mordida de um predador. Caso um
animal, como exemplo um cachorro venha a morder um sapo, o sapo através das parótidas
irá liberar a substância e as toxinas presentes na mesma (bufotoxinas) contêm
aminas vasoativas, como adrenalina, noradrenalina e serotonina. Tais
substâncias são vasoconstritores potentes aumentando a resistência vascular
periférica, resultando em aumento da pressão arterial. Outro efeito tóxico das
bufotoxinas também afetando o sistema cardiovascular, é a hipercalemia, comum
em cães intoxicados por essas toxinas. Os sinais clínicos incluem
hipersalivação, mucosas hiperêmicas, apatia, vômitos, ansiedade, cegueira, taquipnéia
e dor abdominal. Os animais podem apresentar sinais nervoso, incluindo
convulsões, ataxia, nistagmo, opistótomo, estupor e coma (ROBERTS et al.,
2000). A morte destes cães está relacionada ao efeito cardiotóxico do veneno
levando à morte por fibrilação ventricular (OSWEILER, 1995; SAKATE &
OLIVEIRA, 2000). A manifestação dos sinais clínicos se dá rapidamente após a
intoxicação, sendo que a morte pode ocorrer 15 minutos após o aparecimento dos
sinais clínicos (SAKATE & OLIVEIRA, 2001).
Apesar de toda essa crença, os sapos são ótimos para o nosso ambiente por serem
extremamente sensíveis ao equilíbrio bioquímico das águas são ótimos indicadores
ambientais. Sem falar que os mesmos também ajudam no controle de pragas.
Pelo fato dos sapos produzirem substâncias químicas que já comentamos na
pele que os protegem contra bactérias e fungos, existe menos chance de adquirir
uma doença quando tocamos em um sapo, do que quando tocamos em cães ou gatos,
por exemplo e essas substâncias podem ser usadas como analgésicos,
cicatrizantes e fungicidas em uma variedade grande de doenças humanas -
portanto, sapos são um laboratório vivo que a natureza nos dá. E o laboratório
precisa ser preservado, é claro.
REFERÊNCIAS
LOPES, R. R.
F. B.; QUESSADA, A. M.; BORGES, T. B. INTOXICAÇÃO
POR TOXINA DE SAPO EM UM CÃO - RELATO DE CASO. Enciclopédia biosfera,
Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.10, n.19; p. 2014.
SONNE, L. et
al . INTOXICAÇÃO POR VENENO DE SAPO EM UM
CANINO. Cienc. Rural,
Santa Maria , v. 38, n. 6, p. 1787-1789, Sept.
2008
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